Dobraram
os sinos da igreja,
o
meu amor sem que eu veja
se
foi num resto de olhar.
Filete
de lágrima a derramar,
líquido
frio em mim viceja
num
crepúsculo de cor âmbar.
Terno
silêncio do anoitecer,
ave-marias
para acolher
as
dores que residem em mim.
Perscruto
o cheiro do alecrim,
penso
no que pode acontecer
nessa
noite crua sem fim.
A
angústia da próxima hora,
a
falta que vem e demora
inunda
ao poço dos sentidos.
E os meus versos ressentidos
tingem
de cinza a aurora
dos
desejos incontidos.
Moça
da voz pranteada,
face
sedutora, iluminada,
boca
que beija e aquece.
Tez
que minha mão tece,
acariciando
enamorada
num
toque que enternece.
Calaram
os sinos da velha igreja
e
não há um olhar que seja
para
além das torres paralelas.
Perdi-me
nos becos e vielas,
na
escuridão que vil enseja
as
mais rudes querelas.
Roberto Dantas
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