terça-feira, 18 de novembro de 2014

POEMA ABSORTO





Porta aberta para o entardecer
por onde vejo o sol em desmantelo.
Em mim a memória sendo o elo
entre o medo e a vontade de ser.

Cicatrizes de dores passadas
que ainda hoje sutis se desnudam.
Crepúsculo de nuvens condensadas,
levemente escurecem e mudam.

Aos poucos me invade a calmaria
feito um barco no rio largado.
E na rede me vem a fantasia
de ser um vivente iluminado.

O silêncio da noite companheiro
renova o desejo de ser poeta.
De livre perder-se por inteiro
nos atalhos sem linha reta.

E no seio de toda essa viagem,
a ditar serenamente meu pulso,
está você em lívida imagem
provocando o imediato impulso.

Abandonei-me, aqui, serenamente,
deixei-me pelos seus olhos levitar.
E tudo que produzirei na mente
ao seu encontro me levará.

Roberto Dantas
Novembro/14






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