domingo, 22 de abril de 2018

REATIVO



Versejadas foram as breves frases,
fustigantes, diretas, quase nuas,
como se fossem ninhos querenciados,
tais os que nasci sem miséria ou luxo.
Hoje, pululando em inseguras bases,
transito, silente e solitário, pelas ruas,
pelejando por caminhos arriscados
sob um vai e vem; fluxo e refluxo!

O imediato da surpresa sempre ensina,
intrigante, ardiloso, quase intempestivo,
como se fosse um relâmpago inesperado,
tal o rebento consequente do trovão.
Não mais me conduzo vítima da sina,
sigo, indolente e calmo, mas reativo,
peregrinando como um ente herdado
sob artimanhas de uma viva paixão.

Versos, poesia, cantos, cantoria,
sedutores, sutis, quase inadiáveis,
como se fossem os carentes alimentos,
tais os suores prazerosos dos atos.
Hoje, adornando mais a fantasia,
incito, crente e cordato, os miáveis,
encorajando os seus afloramentos
sob uma algazarra de desacatos.

Eis, então, a promissora caminhada,
provedora-mor das ansiadas auroras,
como se fosse a imperativa oração,
tal o batismo para testas devotas.
Não mais derivo à beira da estrada,
conto, premente e sereno, as horas,
acarinhando o pulsar do coração
sob as mais impensáveis anedotas.

R. Dantas



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