MINÚSCULO
Solitário, pensei no mote
dos versos
que humildemente queria
rabiscar.
Apartando-me dos elos
perversos,
das ânsias e dos zelos
adversos,
desenhei no papel uma flor
singular.
Das pétalas frágeis, pois
quebradiças,
extraí um não sei o quê de
nostalgia.
Isolando-me das vãs e vis
cobiças,
das injúrias que geram
injustiças,
expurguei da pena qualquer
vilania.
Preencheram, leves, meus
pensamentos
a correnteza do rio e o
nédio crepúsculo.
Recebi, absorto, os gratos
emolumentos.
E tal quando se afinam os
instrumentos,
compus, silencioso, o
poema minúsculo.
Palavras, sei, às vezes
logo perdidas,
ou nem sempre fielmente
escutadas.
Das digressões rudes e
entorpecidas,
ou das escritas
vulgarmente paridas,
emanam as pobres leituras
algemadas.
Mas em mim ejaculam-se os
sentidos,
espargidos, nus, da cara
honestidade.
Daí o rabisco da flor da
humildade
em forma de poucos versos
cingidos
pela ternura e pela mais
digna vontade!
Nas noites frias recolho
as mensagens
das mil estrelas, da lua e
da calmaria.
Lembro as mais intrigantes
paisagens,
parceiras das minhas
iteradas viagens
em que enriqueço toda a
caligrafia.
Há a face tão docemente
observada
e os toques para uma
divinal carícia.
Pelo íntimo das vestes é
contemplada
a musa aqui carinhosamente
versada
sob os mimos da conduta
pudicícia.
Os desejos de uma
harmônica troca
induzem ao procedimento
reservado.
Aos olhares uma ternura se
evoca
e no abraço o calor bem
provoca
a concessão do sentido
desvelado.
E a flor então se ergue
fortalecida
ilibada das máculas mal
curadas.
Do próprio perfume é
embevecida,
inebriando quando sutil é
despida
em meio as ânsias
estimuladas.
Que seja, assim, o
desvelar desse ato,
um ímã à mais sublime
sensibilidade.
Talvez outro possa ser o
desiderato
para acolher ao real ou
até ao boato.
A minha nem sempre é a
pura verdade!
R.Dantas
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