sábado, 24 de setembro de 2016

VERTIGEM



Súbita vertigem, nós do querer,
laivos prementes da ansiedade.
Subvertida a lógica da idade,
conspurcados os atos de prazer.

Verbos nem sempre conjugados,
receios dos desejos intestinos.
Camuflados dizeres caninos,
visíveis liames subjugados.

Tons de acordes dissonantes,
cordas partidas sob pressão.
Quase sempre o temor do não,
fugas e sombras delirantes.

Não há mais vozes, há gritos,
rancores de uma fala insana.
Verborréia que rude profana
aos sentidos, gestos e ritos.

Assim fenece uma poesia,
assim se cala uma canção.
Assim se borra uma grafia,
assim perece um coração.

R.Dantas




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