Ali sentado à beira do belo açude,
negociei com o sono enquanto pude
ouvindo os sibilos ditados pelo
vento.
Nessas plagas em que deita a harmonia
um lindo sonho fez-me a serventia
de esquecer das armadilhas do tempo.
Sonhei o sonho das loucas viagens,
enveredando-me pelas ternas paragens,
transportado pela musa dos meus
escritos.
Nele me aparecia vestida de branco,
desenhando o tímido sorriso franco
em seus lábios rubros tão bonitos.
Mirei, sedento, a silhueta feminina,
lépida, quase voando, uma menina
revestida por uma auréola estelar.
Era a deusa dos meus pobres cantos,
a fada rainha que traria os encantos
para o meu coração descompassar.
Colhido fui para o mundo
desconhecido,
aos seus cabelos anelado e embevecido
que nem a minha respiração eu conduzia.
Nos meandros das transparentes brumas
pude dos céus apreciar as espumas
do grande lago que a nós dois
seduzia.
Mergulhamos, atados, nas águas
profundas,
num recôndito de vivências fecundas,
num espectro de silêncio e ternura.
Recarregados por uma energia
singular,
retornamos, a sós, para o sagrado
altar
desse sertão que a todos nós cura.
A poesia nua revela a inquietude,
o canto afinado desvela a atitude,
o sonho de amor enseja a fantasia.
Eis a musa, a deusa, a fada rainha,
esculento dos versos em que se aninha
a minha sede de paz e de harmonia.
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