Ah! Barro quente, avermelhado,
terra crua, chão incrustado,
eito de renhidas e cruéis lutas.
Gente resistente nas labutas
cotidianas duma lida sem par.
Rotas onde traço meu caminhar.
Também chão de riqueza singular,
verde que aos olhos faz brilhar,
na ventura da precipitada chuva.
Tal como à mão cobre a luva,
veste-se, logo, a rude caatinga.
Brota a flor e o fruto vinga.
O amanhecer qual terna matrona,
aurora luminosa e brincalhona,
abre-se em preces, cantos e ritos.
Beatas e vaqueiros tão contritos:
atos de boa fé; laços do ofício.
E tudo num fazimento propício.
Dos favos o doce mel respinga,
âmbar d’um entardecer que finda
ensejando nos âmagos a poesia.
Na feira o repente, a cantoria,
a viola, a zabumba, a sanfona
e a astúcia do matuto sob a lona.
Fecha-se a noite de carona
com os uivos da raposa fujona
que amedronta e cria estórias.
Ah! Chão de
caras memórias,
não há filho que lhe renegue.
Brisa que passa. Rio que segue...
R.Dantas