quinta-feira, 26 de julho de 2018

SEM RUMO














SEM RUMO

A grande onda quebrou aqui
deixando espumas nos meus pés.
Dureza de pedra e as chaminés
que não param de fumegar,
que desandam a embaçar
os olhares que já perdi.

Nu, gélido e meio faquir
ansiando pelos belos sonhos.
Torpeza de tragos medonhos
que não me deixa levantar,
que agride o meu pensar
e subverte o que há de vir.

Desnudo o elo do porvir
meditando sob vil repulsa.
Aspereza tenaz e avulsa
que não permite abraçar,
que violenta ao tragar
a alma que quer fulgir.

Para longe devo partir
claudicando em piso avesso.
Fraqueza e rude tropeço
que atropelam os caminhos,
que não apontam os ninhos
para a minha paz fluir.

Enfim um norte para seguir
pautando o rumo da quilha.
Sutileza de uma pobre ilha
que seduz e tanto acalma,
que conduz de corpo e alma
para o porto que quero ir.

R. Dantas
FACE: Bob Dantas