segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

DESNUDOS SENTIDOS

Da pétala nua um desenlace
puro, poético e encantador.
Tal qual o encontro sem dor
e uma canção que, terna, abrace.
Nas ânsias do agitado amor;
uma história que, livre, trace.

Dos afetos nus um desabroche
suave, sereno e cativante.
Tal qual a luz irradiante
e o olhar que, sutil, deboche.
No pulso o bater palpitante;
um ego que, cativo, afrouxe.

Da palavra nua um poema
voraz, vetusto e desafiador.
Tal qual o corte para o lenhador
e a dúvida que, viva, é problema.
Na angústia o fel e o desamor;
um elo que, frágil, é dilema.

Dos enganos nus um convite
tímido, tosco e vacilante.
Tal qual o passo claudicante
e o medo que, frio, limite.
No caminho a trilha errante;
uma senda que, longa, incite.

Das agruras nuas uma peleja
mordaz, mortífera e derradeira.
Tal qual a ventania sorrateira
e o raio que, findo, troveja.
Na bonança a brisa verdadeira;
um bálsamo que, ávido, proteja.

Dos gestos nus uma lembrança
traquina, tensa e revigorada.
Tal qual a cisma revisitada
e a torrente que, rápida, deslancha.
Na lágrima a ira revelada;
um adeus que, triste, se lança.

R. Dantas