Da pétala nua um desenlace
puro, poético e
encantador.
Tal qual o encontro sem
dor
e uma canção que, terna,
abrace.
Nas ânsias do agitado
amor;
uma história que, livre,
trace.
Dos afetos nus um
desabroche
suave, sereno e cativante.
Tal qual a luz irradiante
e o olhar que, sutil,
deboche.
No pulso o bater
palpitante;
um ego que, cativo,
afrouxe.
Da palavra nua um poema
voraz, vetusto e
desafiador.
Tal qual o corte para o
lenhador
e a dúvida que, viva, é
problema.
Na angústia o fel e o desamor;
um elo que, frágil, é
dilema.
Dos enganos nus um convite
tímido, tosco e vacilante.
Tal qual o passo
claudicante
e o medo que, frio,
limite.
No caminho a trilha
errante;
uma senda que, longa,
incite.
Das agruras nuas uma
peleja
mordaz, mortífera e
derradeira.
Tal qual a ventania
sorrateira
e o raio que, findo,
troveja.
Na bonança a brisa
verdadeira;
um bálsamo que, ávido,
proteja.
Dos gestos nus uma
lembrança
traquina, tensa e revigorada.
Tal qual a cisma
revisitada
e a torrente que, rápida,
deslancha.
Na lágrima a ira revelada;
um adeus que, triste, se
lança.
R. Dantas